Percebe-se que muitas pessoas desde a infância encaram o erro como fracasso. Essa cultura, repassada de geração em geração, começou a ser revista nas últimas décadas, principalmente pela observação em sala de aula. Temos então alguns tópicos que se relacionam com a questão do erro: escola, resultado, avaliação, frustração, competição, entre outros. Quando falamos em erro, é preciso ter o cuidado de separar nitidamente o que é opinião divergente ou erro de fato. Se uma criança pensa de modo diferente das demais, sobre cores, significados, interpretações, escolhas, conceitos, não se pode configurar o erro. Deixemos a categorização do erro para as áreas exatas. Muitas vezes o que é considerado errado é não seguir as grandes massas, não concordar com todo mundo, fugir do lugar comum.
Há benefícios em permitir que a criança cometa um erro?
Sem dúvida! A criança, até certa idade, acredita ser o centro do universo, nos testa, não desenvolveu ainda a capacidade empática. Confrontá-la com o erro é dizer que há outras formas de realizar algo, e que algumas são mais eficazes, menos arriscadas. Além disso, a frustração é um sentimento necessário para a maturação moral e ética da criança. Pessoas que não administram suas frustrações, provavelmente foram poupadas das consequências dos erros na infância e juventude. Frustrar-se significa interpelar-se sobre as próprias certezas, admitir no outro a possibilidade do sucesso, aceitar que como humanos jamais seremos plenos, para nós ou para os outros.
Administrar essas sensações traz ainda o louvor no sucesso, a humildade quando o acerto ocorre, a sabedoria de que nenhum ser humano é detentor de todas as respostas. É claro que esse aprendizado profundo deve ser acompanhado de perto, por pessoas humanas, responsáveis, que saibam a medida certa para que a frustração não destempere a revolta. Há especialistas que afirmam, por exemplo, que o erro aumenta nossas chances de aprender. Garanto que qualquer um de nós, lembra-se com exatidão de uma questão em prova, concurso ou vestibular em que o erro foi apontado, penalizado e corrigido e jamais nos esquecemos da ocasião. O erro marca, mas podemos traduzir isso em algo positivo que seja capaz de estimular a vontade em acertar. Há que se cuidar para que a penalidade de um erro na infância não tome proporções descabidas. Um copo que cai e se quebra, não é motivo para desmerecimento, mas para alerta. Um cálculo matemático com resultado diferente do esperado exige atenção do mediador e novas técnicas didaticas e pedagógicas, não uma condenação.
Lembremos que somos multiplicadores, de tudo. E temos responsabilidade com as gerações que seguem. Façamos do erro um índice, um apontamento gráfico, a favor dos envolvidos! Que aproveitemos os erros para colher bons resultados de aprendizagem que poderão fazer a diferença em nossas vidas. Temos milênios para errar em matemática e escrever casa com Z, mas só uma vida para aprendermos e ensinarmos a generosidade e o valor humano!