Eis a questão que muitos de nós ouvimos: “ se tenho a máquina que faz os cálculos para mim, para quê vou quebrar a cabeça?” Nós estamos em uma época em que a tecnologia está evoluindo como nunca se viu antes, nós evoluímos em dez anos o que não conseguimos evoluir em mil anos, e isso está influenciando diretamente em nosso dia a dia.
Na maioria das vezes, essa evolução é ótima para nós, sempre facilita e melhora muito a nossa rotina, fazendo com que possamos nos preocupar com outras coisas. Mas, no caso da matemática, temos que ficar atentos, pois o uso constante do computador e dos dispositivos eletrônicos que facilitam nossos cálculos, está interferindo diretamente na nossa maneira de solucionar os problemas que estão sempre em nossa rotina. Em uma simples compra no supermercado, nós ja usamos calculadora; às vezes não conseguimos interpretar um gráfico em uma revista, não conseguimos entender uma reportagem por estar falando de valores em percentual e por aí vai.
Como temos vários recursos que prometem facilitar nossa vida, estamos tendendo à estagnação intelectual, não digo no desenvolvimento de novas tecnologias, pois este está a pleno vapor, mas sim no desenvolvimento e elaboração de novas teorias matemáticas, resolução de questões, cálculos aplicados e assim por diante. Nós estamos em uma época que precisamos fazer, por exemplo, grandes obras, mas não estamos conferindo os cálculos e colocando algumas questões importantes como variáveis a serem consideradas. Assim, confiamos somente no computador que gera uma simulação do ambiente perfeito e não sabe identificar algumas das variáveis ambientais, por exemplo.
O ser humano não pode se estagnar e se acomodar com o uso da tecnologia. Nós precisamos sim, usar a tecnologia, mas precisamos praticar a matemática usando papel e caneta, conferir os cálculos, verificar e tirar a prova. Incentivar as crianças, adolescentes e jovens a racionarem matematicamente sem recorrer tanto aos recursos tecnológicos deve ser uma prioridade dos pais e da escola! O dia a dia é riquíssimo em situações que permitem o desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático, e cabe aos atores da construção do processo educativo a identificação dessas oportunidades, e o seu uso para promover uma aprendizagem sólida da matemática, ciência exata utilizada como ferramenta essencial em muitas outras disciplinas científicas.
